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Obesidade em adultos neurodivergentes: TDAH, autismo e os desafios do cuidado integral

Estudo com mais de 1 milhão de pessoas revela a relação entre TDAH, autismo e obesidade em adultos. Entenda por que impulsos, emoções e rotina impactam o corpo, e o que a ciência recomenda fazer.

Tags: Obesidade | TDAH | Autismo | Neurodivergência | Saúde Mental | Impulsividade

 

Por que falar de obesidade e neurodivergência?

Por que algumas pessoas têm tanta dificuldade para manter hábitos saudáveis, mesmo com acompanhamento?

Parte da resposta pode estar no funcionamento do cérebro.

Cada vez mais pesquisas mostram que a neurodivergência — como o TDAH e o autismo — influencia diretamente a forma como lidamos com o corpo, a alimentação e o autocuidado.

Ignorar isso é desconsiderar um componente essencial da saúde: a forma como o indivíduo sente, pensa e reage ao mundo.

 

O que descobriu a nova pesquisa publicada na Nutrients

Em 2025, uma revisão publicada na revista científica Nutrients (Volume 17, Artigo 787) analisou 31 estudos que, juntos, envolveram mais de 1 milhão de adultos.

Principais conclusões:

  • Pessoas com TDAH têm risco aumentado de obesidade, com características específicas.

  • O tratamento convencional tende a ser menos eficaz nessas populações.

  • grave escassez de dados sobre autismo e obesidade: apenas dois estudos de caso foram identificados.

 

TDAH e obesidade

Os estudos analisados revelam um padrão:

Pessoas com TDAH geralmente apresentam:

  • Dificuldade em manter rotina alimentar estruturada

  • Tendem a buscar a alimentação como forma de lidar com emoções difíceis ou sobrecarga mental

  • Reduzida tolerância à frustração durante processos de reeducação alimentar

  • Baixa adesão a tratamentos comportamentais convencionais

Por outro lado, intervenções adaptadas — como o uso de medicação para TDAH e abordagens mais individualizadas — tendem a apresentar melhores resultados.

Mesmo em procedimentos como a cirurgia bariátrica, os resultados em pessoas com TDAH são similares aos da população geral, mas com maior risco de complicações e abandono do acompanhamento a longo prazo.

 

Autismo e obesidade

Apesar do aumento de diagnósticos de autismo em adultos, quase não há estudos que investigam a relação entre autismo e obesidade.

A revisão encontrou apenas dois relatos clínicos, o que é extremamente preocupante.

Esses relatos sugerem que algumas medicações para perda de peso podem funcionar em pessoas autistas — mas os dados são insuficientes para qualquer recomendação generalizada.

A ausência de estudos indica uma invisibilidade clínica e científica que precisa ser urgentemente corrigida.

 

Por que os tratamentos convencionais falham?

Programas tradicionais de perda de peso partem de uma lógica que não contempla as necessidades específicas de pessoas neurodivergentes.

Entre os principais obstáculos:

  • Estratégias rígidas e lineares

  • Falta de suporte para lidar com impulsos, hiperfoco ou dificuldades sensoriais

  • Pouca atenção à regulação emocional, que é essencial para a adesão ao tratamento

  • Modelos que exigem organização e rotina, algo que nem sempre está acessível para quem tem TDAH ou autismo

👉 Corpo e mente formam um sistema único. Não é possível cuidar de um sem respeitar o funcionamento do outro.

 

Lacunas e oportunidades

A revisão destaca a urgência de desenvolver protocolos terapêuticos mais inclusivos. Algumas lacunas:

  • Poucos estudos abordam a experiência vivida de pessoas neurodivergentes com obesidade.

  • Há uma ausência quase total de intervenções psicoterapêuticas específicas para esse público (transtorno do neurodesenvolvimento + obesidade)

Oportunidades:

  • Adaptar modelos existentes, como o PEACE Pathway (usado no Reino Unido para autistas com transtornos alimentares).

  • Explorar terapias como DBT (Terapia Comportamental Dialética), mindfulness e psicoeducação familiar.

  • Incluir profissionais de saúde mental desde o início do plano de cuidados com a saúde física.

 

Exemplo prático

Em um caso clínico acompanhado por nossa equipe, uma pessoa com TDAH relatava ciclos repetidos de tentativas de emagrecimento, seguidos de recaídas.

Mesmo com orientação nutricional e psicológica, havia:

  • Dificuldade em seguir orientações diárias

  • Impulsividade nos momentos de estresse

  • Sentimento de culpa por “fracassar” na rotina

A virada aconteceu quando o plano foi adaptado para incluir:

  • Treinamento em autorregulação emocional

  • Criação de um ambiente alimentar mais previsível

  • Uso de lembretes visuais e auditivos para refeições

  • Acompanhamento com foco em acolhimento, não cobrança
  • ABA com Estratégias Naturalistas
  • Acompanhamento Terapêutico (AT)
  • Treinamento de Pais


Caminhos possíveis e próximos passos

Para profissionais:

  • Avalie traços neurodivergentes em pacientes com obesidade.

  • Adapte os planos de cuidado ao funcionamento emocional e sensorial da pessoa.

  • Trabalhe em equipe multidisciplinar (nutrição, psiquiatria, psicologia, educação física).

Para familiares:

  • Observe como a alimentação se relaciona com as emoções e rotinas da pessoa.

  • Priorize a construção de hábitos sustentáveis, sem metas punitivas.

  • Busque apoio profissional especializado em neurodiversidade.

Para a ciência:

  • Estude a experiência real de adultos neurodivergentes com obesidade.

  • Crie protocolos adaptados, validados e acessíveis.

Amplie a compreensão do corpo como extensão da saúde mental.

 

 

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