Uma das dúvidas mais comuns sobre o TEA está relacionada a autismo e medicamentos. Afinal, eles são necessários ou não? Fazem algum efeito isoladamente, sem as terapias?
Embora não haja uma cura para o autismo, existem várias opções de intervenções para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. A principal delas é a terapia comportamental, que pode ou não ser acompanhada do uso de medicamentos.
Terapia ou medicamento?
Não existe “ou” nessa questão. A terapia comportamental é a base dos cuidados do autismo! Sem ela, nenhum medicamento isolado é capaz de extinguir os prejuízos que o espectro pode acarretar em um indivíduo.
Isso porque o remédio não ensina a pessoa a falar, ter autonomia e desenvolver suas habilidades sociais, comunicacionais e cognitivas. Os remédios atuam como auxiliadores, pois ajudam no tratamento de sintomas de transtornos coexistentes e que atrapalham o progresso terapêutico, como a ansiedade e insônia.
Por isso, famílias e profissionais devem priorizar o acompanhamento terapêutico para o autista. Existem vários modelos de intervenção que podem ajudá-los, como:
- Terapia Comportamental baseada na Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês Applied Behavior Analysis): esta abordagem se baseia em evidências que se concentram na aprendizagem por reforço positivo e negativo para desenvolver habilidades;
- Modelo Denver de Intervenção Precoce: uma abordagem terapêutica intensiva e individualizada que envolve a criança e seus pais em atividades estruturadas que melhoram a comunicação, habilidades sociais, cognição e comportamentos.
Além disso, não há apenas um acompanhamento terapêutico indicado para o autismo. Então, reforçamos a importância da equipe multidisciplinar, composta por profissionais da psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Esse time irá ajudar o pequeno a superar alguns prejuízos e adquirir novas habilidades muito importantes para sua autonomia e qualidade de vida.
Autismo e medicamentos: quando usar o remédio?
Segundo as diretrizes clínicas da Academia Americana de Pediatria (AAP) para o cuidado de crianças no TEA, os medicamentos são indicados para tratar questões correlacionadas ao autismo, como agressividade, irritabilidade e hiperatividade. Isso porque elas podem atrapalhar outras atividades que colaboram para o desenvolvimento sadio da pessoa a longo prazo, como as terapias e a escola.
Por exemplo: é muito comum a prescrição de medicamentos quando há o diagnóstico de outro transtorno do neurodesenvolvimento ou de saúde mental associado, como Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Opositor Desafiador (TOD) e depressão.
E se eu não der o medicamento para o meu filho?
Se existir a orientação do uso de medicamento pelo médico de confiança, os pais e cuidadores devem segui-la. A decisão de um profissional da saúde especializado não se baseia apenas no que é tratado na consulta, mas também nos relatórios da escola e das terapias. Sendo assim, essas indicações são as mais adequadas possíveis àquele indivíduo e suas necessidades.
Então, se faltar o medicamento, pode ser que algumas questões do cotidiano, da escola ou da terapia da criança sejam predicadas. Com isso, seu desenvolvimento será diretamente impactado.
Por isso, é importante se informar e, se for o caso, buscar meios acessíveis para conseguir o remédio indicado pelo médico. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a maioria das medicações de forma gratuita aos autistas, então, não deixe de conferir nas unidades de saúde da sua região o procedimento para obtê-las.
Aqui no site do Instituto, temos um artigo completo sobre medicamentos e autismo, que você pode conferir neste link.
Concluindo
O autismo é um transtorno complexo, multifacetado e não há uma cura para ele. Embora os medicamentos possam ser úteis em alguns casos, a ciência considera as terapias comportamentais e educacionais como as intervenções mais eficazes para ajudar os autistas a melhorar suas habilidades sociais e de comunicação.
Por isso, é importante que as famílias conversem com seus médicos de confiança sobre as intervenções terapêuticas e medicamentosas mais adequadas e evitem cair em promessas falsas de curas milagrosas. Ao se concentrar nos métodos comprovados e trabalhando junto aos profissionais da equipe multidisciplinar, as pessoas no TEA podem melhorar sua qualidade de vida e alcançar todo o seu potencial!
Quer aprender mais? Confira o vídeo abaixo no canal da Mayra Gaiato no YouTube: