Equipe Instituto Singular
Tags: Autismo | Gravidez | Maternidade | Cuidados Pré-natais
Índice
- O que aconteceu: a fala de Trump
- O que diz a ciência
- Entendendo o autismo além das polêmicas
- Por que essa narrativa preocupa
- Exemplo prático: quando a culpa pesa demais
- O que os especialistas recomendam
- Conclusão e convite à reflexão
O que aconteceu: a fala de Trump
Durante um pronunciamento oficial nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump afirmou que mulheres grávidas não deveriam tomar paracetamol (como o Tylenol), alegando que o uso da substância poderia estar ligado ao aumento dos casos de autismo.
A declaração gerou polêmica internacional e deixou muitas mães preocupadas: “Será que algo que tomei na gestação causou o diagnóstico do meu filho?”
O que diz a ciência
O tema já foi bastante estudado. Alguns estudos pequenos e observacionais mostraram uma associação entre o uso frequente de paracetamol na gravidez e um leve aumento de risco para transtornos como TDAH e autismo.
Porém, estudos mais robustos e com maior controle de variáveis como o da Universidade Karolinska com 2,5 milhões de crianças na Suécia mostraram nenhuma relação de causa e efeito entre o uso do medicamento e o autismo.
Ou seja: a maior parte da comunidade científica considera que não há provas suficientes para mudar as recomendações atuais de uso do paracetamol durante a gestação.
Entendendo o autismo além das polêmicas
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento com base genética. Os estudos mostram que ele é multifatorial, ou seja, resultado de uma combinação complexa de fatores — genéticos, ambientais, gestacionais e neurológicos.
Isso significa que não há uma única causa. E, certamente, não há uma escolha simples da gestante que possa ser apontada como responsável pelo diagnóstico.
Por que essa narrativa preocupa
Quando figuras públicas fazem afirmações sem embasamento, isso gera consequências sérias:
- Pais e mães podem sentir culpa por decisões tomadas com orientação médica;
- Mulheres grávidas podem evitar o uso de medicamentos essenciais para sua saúde;
- Profissionais da saúde enfrentam mais resistência em seus atendimentos;
- A atenção pública se desvia de ações realmente eficazes para o desenvolvimento das crianças.
Narrativas simplificadas podem até soar reconfortantes (“se eu evitar isso, meu filho estará protegido”), mas são perigosas por gerar falsas promessas e muita angústia.
Exemplo prático: quando a culpa pesa demais
Durante uma live, uma mãe desabafou:
“Eu tomei paracetamol porque estava com muita dor e só descobri depois que estava grávida. Será que isso causou o autismo do meu filho?”
A especialista Mayra Gaiato respondeu com empatia:
“Você já tem muitas responsabilidades. Carregar mais esse peso não ajuda você nem seu filho. O autismo é resultado de uma soma de fatores e não de uma decisão pontual como essa.”
O que os especialistas recomendam
A orientação atual de entidades como a FDA (EUA) e a Agência Europeia de Medicamentos é clara:
O paracetamol continua sendo seguro durante a gravidez, quando usado com moderação e orientação médica.
Se você estiver grávida e precisar tratar febre ou dor, não tome nenhuma decisão sozinha. Converse com sua equipe de saúde. A febre não tratada também pode prejudicar o bebê, por isso o equilíbrio é essencial.
Conclusão e convite à reflexão
Não existe atalho para entender o autismo. Ele é complexo, diverso e cheio de nuances. Mas uma coisa é certa: pais que buscam informação de qualidade estão fazendo o melhor que podem.
💙 Se você é uma mãe, pai ou profissional que cuida de uma criança com autismo, saiba: você não está sozinho. E não há culpa em fazer o que estava ao seu alcance, com as informações que tinha na época.
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