O PRT é uma terapia comportamental desenvolvida por Lynn e Robert Koegel, da University of California – Santa Bárbara (UCSB). Trata-se de mais um método desenvolvido a partir do ABA (Análise do Comportamento Aplicado) e realizado de forma “naturalista”, ou seja, que prioriza a motivação e a alegria da criança enquanto aprende. Com ela, buscamos promover a aprendizagem da criança nos ambientes que ela já conhece e de um modo prazeroso!
Então, vamos aprender o que é PRT e no que ele consiste? É só continuar lendo este artigo!
Respeitando o ritmo da criança
Diferentemente das técnicas que utilizam tentativas discretas e repetitivas para ensinar determinados objetivos à criança, o PRT traz brincadeiras e prioriza as escolhas dela durante as atividades. É uma maneira de respeitar e incentivar suas iniciativas. Ou seja, neste método, quem escolhe a brincadeira e o que quer aprender é ela! Dessa forma, o método mostra-se muito útil – e divertido – para o terapeuta. Sendo assim, basta que ele organize os propósitos e “encaixe” o que se deve fazer no ritmo da criança!
Na avaliação inicial os comportamentos alvo são selecionados, isto é, traçam-se metas a partir do que é observado como atípico. Nas sessões, utilizam-se estratégias de interação com objetivos, e há bastante variação nas tarefas, para evitar que a criança se canse e/ou fique desmotivada. A intenção é não deixar massiva a execução rotineira de uma atividade, já que a repetição é importante para a aprendizagem. Para isso, ela pode ser feita de maneira naturalista, com a criança sentindo o estímulo como uma “brincadeira”.
Utilizam-se também reforçadores naturais e importantes para que a criança se interesse. Os itens se relacionam ao que está sendo trabalhando no momento. Por exemplo: no caso de um trabalho de comportamento verbal, a criança quer (e pode) comer uma bala naquele momento. Partindo disso, a terapeuta aproveita para pedir à criança para falar “bala” e a entrega depois que ela fala. O objetivo final é relacionar os estímulos com os reforçadores, ao invés de dar algo que não tenha relação alguma com a tarefa.
PRT como técnica naturalista
Como no caso dos reforçadores naturais na terapia, prioriza-se também a intervenção no ambiente natural da criança, em casa e na escola, por exemplo. Existem estudos dizendo que, quando removemos a criança do seu ambiente e ensinamos repertório em outro, os comportamentos não se desenvolvem de maneira típica.
A criança precisa estar preparada para interagir com pares e com estímulos que acontecem na realidade. Por isso a importância dos métodos naturalistas! Desenvolver essas habilidades e capacidades nos ambientes em que o pequeno passa boa parte do seu tempo é o que desejamos realizar com o PRT.
Para se realizar um bom trabalho, no entanto, é preciso se atentar às pequenas aproximações da criança aos comportamentos que queremos. Não esperar a perfeição, mas sim reforçar com sinais divertidos e lúdicos cada pequena conquista em direção ao comportamento final que buscamos. Com isso, pretendemos não tornar “chata” a aprendizagem e fazer com que a criança aprenda com prazer e diversão, dentro de seus ambientes já conhecidos.
A participação dos pais
O envolvimento da família é parte muito importante do processo. Estudos indicam que os índices de estresse de famílias com crianças autistas são elevados em relação às famílias que tem filhos com desenvolvimento típico. Por isso, a orientação familiar é necessária para que os pais tenham ferramentas e saibam como cuidar e estimular essas crianças. Além disso, para que o trabalho seja efetivo, precisamos de muitas horas de terapia (alguns artigos dizem de 15 a 40 horas semanais). Para isso, a intervenção deve ser consistente. Sendo assim, os pais precisam ter comportamentos adequados e instruídos todos os dias.
PRT e desenvolvimento da fala
O modelo do PRT enfatiza que a criança precisa gostar da terapia para aumentar a sua funcionalidade nas áreas que é preciso estimular. Além disso, a técnica também prioriza o ensino de empatia, entendendo que essa habilidade pode fazer a diferença nas relações e na comunicação desta criança.
A principal área de preocupação é a linguagem do pequeno, que desejamos que seja natural e espontânea para as pessoas. Contudo, ele vai precisar ter motivação para falar e se comunicar com pais, irmãos e demais familiares e amigos. É com esse aspecto motivacional que também trabalhamos no PRT! Trabalhamos para que os pequenos gostem de falar, se comunicar e expressar suas emoções e vontades.
O uso do ABA
O ABA tem vários meios de ensinamento e de formas mais ou menos estruturadas. É preciso conhecer os conceitos e se capacitar para saber aplicar as maneiras que se encaixam melhor para cada criança. Os programas são personalizados e devem ser realizados da forma naturalista. E o que isso significa? Mais uma vez, que precisamos nos atentar e respeitar as ideias da criança, trabalhar com a alegria e a motivação dela. Além disso, devemos variar as atividades para que não se tornem cansativas ou maçantes, e envolver a família e a escola no processo das terapias é essencial.
Ah, e não podemos esquecer do mais importante: sempre tirar muitos sorrisos dos pequenos!
Muitas pessoas ainda têm preconceito com o ABA por desconhecer as diversas técnicas naturalistas que se desencadearam dele. O conhecimento sobre o ABA Naturalista traz luz para muitas famílias e profissionais que associaram esta ciência à ideias equivocadas. Não se trata de condicionamento, “adestramento” ou até mesmo de deixar as crianças sem poderem sair de suas mesas de “brincar”. O PRT é uma técnica com comprovação científica, que ratifica a eficácia dos métodos baseados no ABA como os melhores estimuladores de crianças com atrasos e autismo. E o principal: ele mostra que é possível mantê-los em constante evolução com alegria e motivação.
Afinal, não é isso que queremos? Que essas crianças cresçam autônomas, saudáveis e sempre com diversão e paz? O PRT tem grande utilidade nesse processo!