Uma das áreas comprometidas em uma pessoa que está no Espectro do Autismo é a comunicação e o desenvolvimento da fala. Grande parte das crianças com TEA demonstram um atraso na fala. Algumas até possuem a comunicação verbal desenvolvida, porém não a utilizam de forma funcional. Sendo assim, elas até emitem palavras, mas não as usam para transmitir uma mensagem a outra pessoa ou alcançar um resultado.
Por que isso acontece? Como ajudar uma criança autista a desenvolver a fala e a comunicação? Quais estratégias usar nesse processo? Se essas são as suas dúvidas, então este post é perfeito para você!
As crianças no Espectro do Autismo têm dificuldade em perceber os resultados de suas ações comunicativas e acabam tendo disfunções na fala.
Desenvolvimento da fala: típico e atípico
Primeiro, considere uma criança com o desenvolvimento típico. Ela começa a organizar ao longo do seu primeiro ano de vida as percepções, experiências e estímulos de linguagem que recebe. Ao mesmo tempo, desenvolve e treina a parte motora da fala, emitindo sons aleatórios. Então, ela passa a perceber que os sons emitidos causam efeitos, trazem resultados. Sendo assim, aos poucos, ela seleciona os sons que irá emitir para que esses resultados se repitam, assim como começa a relacionar sons que ouve com as situações que acontecem ou com os objetos à sua volta. Dessa forma, quando ela percebe que a emissão de determinados sons gera determinados efeitos, ela entende a função da linguagem. A fala é o resultado de todo esse processo de desenvolvimento da linguagem e da compreensão de sua função. Com um ano, é esperado que as crianças falem de maneira funcional algumas palavras de seu cotidiano.
As crianças no Espectro do Autismo, por sua vez, têm dificuldade em perceber os resultados de suas ações comunicativas e, com isso, acabam tendo disfunções na fala. Não desenvolver a linguagem faz com que a criança não consiga se expressar, informar o que deseja ou precisa, nem alcançar muitos de seus objetivos. Isso, é claro, prejudica ainda mais a socialização e a troca com as pessoas. Nesses casos, é muito importante que um profissional especializado seja consultado para o início de um plano de intervenção. Com isso, nosso pequeno com dificuldades na fala aprenderá a se expressar melhor e, assim, a realizar suas vontades com mais autonomia.
Como ajudar nesse processo?
Mas, além disso, algumas ações podem auxiliar a estimular o desenvolvimento da linguagem. Pais, irmãos e avós podem ser muito importantes nesse processo! Eles também podem ajudar a criança a se comunicar melhor, de maneira mais ativa. Vamos ver algumas dicas?
Ser comunicativo
Ser comunicativo com a criança, mesmo que não haja o retorno dela, pode ser uma boa estratégia. Uma dica é falar com alta frequência, mas de forma simples, narrando acontecimentos, nomeando objetos, fazendo pedidos à criança, etc. Neste ponto é muito importante utilizar uma linguagem simples, para que a criança consiga relacionar as palavras ao que ela está vivenciando. Para isso, deve-se utilizar um nível de complexidade um pouco acima da linguagem que a criança possui. Ou seja, se ela não fala, devem-se utilizar poucas palavras por vez (uma ou duas). Dessa forma, ela consegue relacionar o som da palavra ao que está sendo indicado. Se a criança já fala algumas palavras, pode-se começar a associá-las entre si ou com verbos, e assim por diante.
Converse bastante com seu pequeno, tentando desenvolver sua autonomia nesse processo!
A comunicação não-verbal
Nós também nos comunicamos sem palavras. Sem nossos gestos e olhares, seríamos capazes de dizer tudo que desejamos? É muito provável que não! Assim, outra boa estratégia é estimular a comunicação não-verbal da criança, isto é, aquela comunicação que não passa pelas palavras.
Para isso, é importante não tentar adivinhar o que ela quer, e sim incentivá-la a mostrar o que deseja com um olhar, gesto, som, etc. Em seguida, você deve dar o resultado que ela espera, para que ela entenda que foi seu sinal (comunicação não-verbal) que gerou aquela resposta. Caso ela não emita sinal algum, pode ser realizado um auxílio físico, ajudando-a a fazer um gesto, como apontar. Em seguida, você deve fornecer o resultado, para que ela relacione o gesto à consequência. Nesse sentido, também é possível criar situações que aumentem a oportunidade de comunicação! Você pode, por exemplo, oferecer duas opções para que ela indique a que deseja ou entregar algo embrulhado, para que ela tenha que pedir ajuda para abrir, por exemplo.
Quer mais dicas de como estimular a linguagem em crianças no Espectro do Autismo e saber mais sobre o tema? Assista aos vídeos: