Muitas vezes nos deparamos com crianças impulsivas, desobedientes e que frequentemente fazem birra. Esses comportamentos opositivos temporários fazem parte do desenvolvimento das crianças em uma determinada faixa etária, no entanto, devemos ficar atentos. No Transtorno Opositor Desafiador (TOD) o comportamento da criança vai além de uma simples birra.
O Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) caracteriza-se por um padrão global de desobediência, comportamento hostil e desafiador.
Lidamos com crianças que apresentam traços severos de desobediência, enfrentamento da figura de autoridade e comportamento agressivo. Essas condutas podem gerar prejuízos em várias áreas da vida, atrapalhando sobretudo o relacionamento familiar. O Transtorno Opositor Desafiador (TOD) é um transtorno classificado pelo DSM-V como integrante do grupo de transtornos de conduta, disruptivos e de controle de impulsos.
Características do TOD
O TOD caracteriza-se por um padrão global de desobediência, comportamento hostil e desafiador. Quais são, então, suas características mais marcantes?
- A criança ou adolescente discute excessivamente com adultos;
- Diz “não” para a maioria das atividades propostas por outras pessoas, não aceitando ordens ou proibições;
- Não se responsabiliza por sua má conduta, culpando fatores externos ou outras pessoas por seu comportamento agressivo e hostil;
- Geralmente incomoda muito os demais, inclusive seus familiares;
- Possui muita dificuldade em aceitar regras e perde facilmente o controle quando as coisas não saem conforme planejou.
Dessa forma, pode-se dizer que crianças ou adolescentes com TOD são pessoas que não sabem lidar com a menor frustração. São irritadiços e saem do controle caso não consigam controlar a situação.
Diferenciando TOD de TEA
Contudo, é muito importante diferenciar o TOD do TEA. Crianças com TOD dizem “não”, discutem com adultos e ficam irritados com o objetivo de suscitar reações nos outros. Assim, para eles, o elemento importante é essa reação. Os pequenos com TOD desafiam os adultos e se opõem às suas ordens buscando isso e pressupondo processos mentais nos outros. Essa pressuposição muitas vezes não existe no TEA. Os pequenos que são autistas podem ficar irritados quando a situação sai do seu controle, mas não porque visam a reação dos outros, e sim porque seu script mental foi rompido e alterado.
É sempre bom ficar de olho nos sinais de autismo infantil e nas características de TEA, para que se possa compreender com mais precisão o que se passa com a criança. Muitas vezes pensamos que um pequeno tem TOD simplesmente por se opor a mudanças e por se irritar com frequência. Nem sempre isso é verdade! É preciso tentar entender qual o sentido, para a criança, daquela oposição e irritação. Autistas também podem se irritar quando a situação sai do seu controle, porém, eles não querem suscitar reações naqueles à sua volta, mas apenas deixar intacto seu script mental, que geralmente é muito rígido.
Os traços, suas causas e consequências
Os traços de TOD iniciam-se antes dos oito anos de idade, sendo mais comum em meninos do que meninas antes da puberdade. Após o período púbere, a ocorrência em ambos os gêneros é estatisticamente igual. É importante notar que esta perturbação se apresenta, em um número significativo de casos, como um precursor do transtorno de conduta, forma mais grave de perturbação disruptiva do comportamento.
Por conta de seus comportamentos opositores e hostis, o convívio com essas crianças ou adolescentes acaba ficando muito difícil. São crianças que argumentam a cada ordem, é sempre difícil convencê-los, mesmo que a lógica mostre que suas opções e escolhas são imprudentes ou equivocadas.
Além disso, esses comportamentos hostis, desafiadores e agressivos podem ainda causar outros prejuízos para esses pequenos: eles costumam ser discriminados, perder amigos e oportunidades. Muitas vezes não são convidados para festas e passeios, inclusive no âmbito familiar. Isso pode gerar ainda mais angústia e irritação e, com isso, propiciar ainda mais hostilidade por parte da criança.
Não existe uma causa específica para este transtorno, mas acredita-se que fatores genéticos associados a desencadeadores domésticos podem estar relacionados. O TOD é mais comum em filhos de pais que apresentam transtornos de conduta, humor, personalidade antissocial ou uso abusivo de drogas. Esse transtorno também é comum nos casos de separação dos pais e alienação parental, quando a criança vivencia situações e experiências negativas e traumáticas.
Como ajudar uma criança com TOD?
Diante dessa difícil constelação de fatores, podemos dar algumas dicas prévias para quem tem de lidar diariamente com crianças com TOD.
- Reforce comportamentos alternativos, ou seja, elogie as atitudes positivas que a criança apresentar;
- Explique claramente as regras e as consequências do seu não cumprimento, mostrando de forma clara quais são os limites;
- Proponha acordos em caso de atitudes assertivas;
- Evite punições físicas (bater na criança reforçará comportamentos agressivos contra outros colegas na escola, por exemplo).
Em suma, essas são apenas dicas, pois sabemos que na vida real não é tão simples. De fato, essa é uma tarefa delicada, e realizá-la sozinho pode ser, muitas vezes, impraticável. Por isso, caso a situação seja muito difícil, procure um profissional capacitado!
Quer mais dicas sobre TOD? Assista aos vídeos abaixo e aproveite para acessar o canal de YouTube da Mayra Gaiato: