É cada vez maior o número de crianças diagnosticadas precocemente. Quando o diagnóstico é bem feito, é preciso aceitá-lo para que, assim, possamos começar uma intervenção o quanto antes! Os gastos com o autismo podem ser muito altos, mas quanto mais cedo começar as terapias, mais esses custos se reduzem. Além disso, já que a neuroplasticidade dos bebês e crianças é tão alta e incrível, as chances de melhora com intervenção precoce são muito grandes.
Por isso, nos deparamos com uma questão importante: qual é o modelo de intervenção precoce mais eficaz para a criança com autismo?
O Modelo Denver
O principal modelo que temos hoje para fazer uma intervenção precoce é o Denver, Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM), desenvolvido pela Dr. Sally Rogers e colaboradores. O ESDM (Early Start Denver Model) é um dos poucos métodos de intervenção precoce com eficácia cientificamente comprovada para crianças que estão dentro do TEA (Transtorno Espectro Autista).
O Modelo Denver visa uma estimulação precoce de até 48 meses, abordando aspectos do desenvolvimento típico e intervindo de uma maneira naturalista.
Mas como ele funciona?
Como é a intervenção com o Modelo Denver?
Considerado pela revista Time uma das 10 maiores descobertas da área médica no ano de 2012, o método utiliza estratégias de ensino naturalistas. Ou seja, a criança aprende através da brincadeira e do jogo, desenvolvendo a comunicação receptiva e expressiva, as competências sociais e lúdicas. Assim, também se aprimoram o desenvolvimento cognitivo, as habilidades motoras globais e finas, a imitação e os comportamentos adaptativos.
Exemplo de um caso real
Carolina tem 1 ano e 9 meses e brinca de maneira pouco proveitosa com o controle remoto da televisão. Além disso, mantém pouco interesse em outras crianças ou até mesmo em sua irmã mais velha, de 5 anos. Ao ser iniciada a terapia seguindo o modelo Denver, o terapeuta não tenta tirar o controle da mão da criança, nem mesmo lhe dá uma bronca ou uma ordem, ou algo do tipo. Em vez disso, o que ele faz? Ele pega outro controle e começa a imitar os movimentos que Carolina reproduz, narrando com poucas palavras o que ambos estão a fazer.
A menina continua olhando por um curto momento para o objeto, enquanto o terapeuta continua a imitá-la e a fazer sons engraçados para chamar sua atenção. No seu ritmo, Carolina aos poucos começa a demonstrar interesse pelo que o terapeuta está fazendo e senta-se próxima a ele de maneira confortável. Dessa forma, estabelece mais contatos visuais e sorrisos conforme a brincadeira vai se tornando interessante para ela. É assim que funciona o Modelo Denver: respeitando o funcionamento da criança em questão, entrando na brincadeira dela e permitindo que ela se abra ao outro de maneira autônoma!
A família também faz parte da intervenção!
O foco é a criança, mas também os pais e familiares podem ajudar nas terapias. Os pais podem sentir muita culpa pelo desenvolvimento atípico de seus filhos, e com isso podem sofrer muito. Mas a culpa não é deles!
Durante as terapias, é importante que os pais sejam atores ativos no processo. Isso se chama coaching parental. Com ele, os pais aprendem, sob a orientação dos profissionais, a estimular seus filhos com base em um método científico. Dessa forma, dão prosseguimento aos cuidados em casa, fortalecendo o que a criança conquistou com seu terapeuta. Quanto mais cedo se iniciar a intervenção, tanto melhor! Assim, todos ganham, e tanto os pais quanto os seus pequenos podem ser mais autônomos.
Em casos de TEA, lembre-se sempre: intervir mais cedo é sinônimo de cuidado e prevenção! A intervenção precoce fortalece a autonomia e a satisfação da criança. E não é isso o que queremos para todos nós?
Quer mais dicas sobre intervenção precoce? Assista ao vídeo: