O diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser feito em qualquer fase da vida, ou seja, com qualquer idade, sem a necessidade de exclusivamente ser fechado na infância, como outras condições (Silva, 2014; Sánchez Domenech, 2022). O diagnóstico é clínico, realizado por meio de avaliações médicas, educacionais e psicológicas. De acordo com o DSM-5, há 3 tipos de TDAH: Os que são predominantemente desatentos, hiperativo/impulsivos e combinados. Características comuns postas as pessoas que tem o TDAH são: desatenção, falta de foco, hiperatividade, desorganização, impulsividade, entre outros que podem variar mediante o perfil comportamental da pessoa.
Os sintomas podem se basear em manuais de saúde como CID-11 e DSM-V, porém vale ressaltar que o TDAH é um dos transtornos mais banalizados na atualidade, ou seja, diagnósticos são feitos erroneamente, seja por profissionais ou até mesmo através do autodiagnostico. A condição a qual engloba-se o TDAH é extremamente séria, e não deve ser confundida com “preguiça”, desanimo momentâneo, distração em função de estímulos concorrentes (Silva, 2014). Da mesma forma, uma criança que for muito agitada não pode automaticamente ser rotulada com TDAH, pois deve-se levar em consideração o fator primeiro de que ela é uma criança, e como toda criança tem energia e precisa de regras e orientações para ambientes controlados, como escola e sala de aulas (Abrahão et al., 2020). O diagnóstico não deve ser feito de forma leviana, mas analisado caso a caso, com cautela, a fim de que as pessoas não sejam diagnosticas e medicadas erroneamente, afinal cada indivíduo é único e deve-se levar em consideração tais variações de comportamento, e não querer padronizar a todos dentro de um mesmo modelo tido como adequado.
É importante destacar que pessoas com TDAH, por vezes são julgadas como incapazes, com dificuldades de aprendizagem, entre outras rotulações, que não se aplicam aos mesmos, sua condição de desatenção apenas não favorece a absorção de conteúdos como indivíduos tradicionalmente conseguem (Silva, 2014). Por isso, além da medicação correta, terapia, também é de extrema importância que as pessoas com TDAH, além dos pais e responsáveis por crianças com tal condição, encontrem a melhor forma e modelo de estudos/leitura, pois adaptações na rotina, na forma e ambiente de estudo devem ser feitas e podem favorecer imensamente o aprendizado (Ricci et al, 2020). Destaca-se que tais adaptações também devem contar com a colaboração dos educadores e da escola (Abrahão et al., 2020).
Destaca-se ainda que o diagnóstico de TDAH pode vir isolado ou somado a outro transtorno ou condição, dessa forma, uma análise precisa, realizada por profissionais especialistas na área auxiliará não somente para o diagnóstico correto, como para medicações e processos de intervenção que sejam necessárias feitos de forma singular (Zangrande et al., 2021). Comumente encontramos pessoas com diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH, como também o TDAH com Transtorno Opositor Desafiador (TOD).
Nesse sentido, observa-se a complexidade do Transtorno e como a intervenção, farmacológico e psicológica, podem auxiliar as pessoas que são diagnosticadas evitando assim atrasos de aprendizagem, como também rotulações postas erroneamente (Zangrande et al., 2021). Compreender as diversidades do ser humano, acolher e buscar informações sobre cada condição é um dos primeiros passos para que o TDAH não seja banalizado e que as pessoas que comportam o transtorno possam ser entendidas e auxiliadas quando necessário.
Referências:
Abrahão, A. L. B., Elias, L. D. S., Zerbini, T., & D’Ávila, K. M. G. (2020). Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), inclusão educacional e Treinamento, Desenvolvimento e Educação de Pessoas (TD&E): uma revisão integrativa. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 20(2), 1025-1032.
Ricci, K., Gomes Assis, C. M., Nico Nogueira, M. A., & Seabra Gotuzo, A. (2020). Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) básico em crianças com TDAH e dislexia. Psicologia desde el Caribe, 37(3), 259-282.
Sánchez Domenech, I. (2022). Revisión sistemática e implicaciones para el diagnóstico psicopedagógico: comorbilidad dislexia/TDAH. Revista española de orientación y psicopedagogía.
Silva, A. B. B. (2014). Mentes inquietas: TDAH-desatenção, hiperatividade e impulsividade. Principium.
Zangrande, H. J. B., Costa, A. B., & Aosani, T. R. (2021). Infância tarja preta: sentidos da medicalização atribuídos por crianças diagnosticadas com TDAH. Brazilian Journal of Development, 7(3), 25317-25336.