Bem-vindo(a)!

Cuidados necessários com pais e responsáveis de crianças com TEA

09.11.2022
Artigo

Sabe-se que os cuidados necessários tidos pelos pais e responsáveis de crianças com TEA junto às mesmas são grandes, variando claramente a intensidade de tais cuidados mediante o nível de autismo, bem como as particularidades comportamentais que a criança apresenta e necessita (de Souza & de Souza, 2021). Contudo pouco é dito e abordado com menor intensidade os cuidados necessários sobre os pais e responsáveis, levando em consideração as dificuldades e desafios que os mesmos enfrentam, não somente no que diz respeito ao olhar sobre sua criança, mas em especial sobre a saúde mental e responsabilidades atribuídas aos adultos cuidadores (Barbosa et al., 2020).

A dedicação que se faz necessária para os cuidados básicos junto a crianças com TEA, acarreta consequências emocionais e também comportamentais aos pais. Ocasionado por vezes sobrecarga das atividades, do suporte destinado aos mesmos, da atenção destinada ao desenvolvimento e saúde da criança, além do comprometimento com os atendimentos múltiplos aos quais os filhos frequentam, entre outros (Portes & Vieira, 2020, Lima & Couto, 2020). Dessa forma, inevitavelmente os pais e responsáveis estão mais propensos ao adoecimento, seja ele físico (a partir de uma baixa resistência), como mental e emocional, com incidências maiores de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e estresse.

As dificuldades dos pais e responsáveis por crianças com TEA e concomitantemente as consequências de saúde ocorrem em momentos distintos, tendo início no processo de diagnóstico de TEA para seu responsável, ocasionando impactos emocionais bem como fragilidade em função do impacto do diagnóstico e vivência de um processo denominado na psicologia como luto simbólico, o qual consiste no remanejamento de sonhos e planos idealizados para a criança, que por vezes não poderão ocorrer ou acontecerão de forma diferente, com adaptações em função do diagnóstico (Lima et al., 2021). Se estendendo a preocupações durante todo o processo de desenvolvimento e evolução da criança em todas as fases da vida (Barbosa et al., 2020). Além disso, há situações estressantes que ocorrem durante alguns períodos específicos, como ingresso escolar entre outros marcos.

Além disso, existem as variáveis de interferência na saúde que são próprias das particularidades de cada indivíduo, como problemas financeiros, familiares, conjugais entre outros, que somados a todos os desafios do TEA, naturalmente ocasiona uma maior fragilidade emocional dos responsáveis, nesse sentido, é importante destacar a necessidade do olhar e do cuidado aos pais/cuidadores/responsáveis pelas crianças com autismo, atentando-nos às necessidades básicas dos mesmos, como saúde, lazer, divisão de tarefas no ambiente familiar e nas atividades da criança (Portes & Vieira, 2020; de Souza & de Souza, 2021). Cabe destacar também a necessidade do suporte psicoterápico aos pais e familiares, a fim de que os mesmos possam não somente elaborar suas questões emocionais e psicológicas decorrentes do diagnósticos, como da continuidade do suporte a criança, mas acima de tudo para cuidados de si próprios, sejam com questões da criança ou questões pessoais (Moreno Méndez, 2020).

É necessário que pais e responsáveis busquem sempre o suporte social e sua rede de apoio para maior autocuidado, acolhimento e auxílio nas atividades diárias, além, como dito anteriormente, da busca pelo autoconhecimento através da terapia individual.

Referências:

Barbosa, C. L., Alencar, I. B. G., Mendes, V. L. F., & Souza, L. A. D. P. (2020). Fonoaudiologia e escuta clínica em equipe de saúde mental: percepção de pais de crianças com transtorno do espectro do autismo. Revista CEFAC, 22.

de Souza, R. F. A., & de Souza, J. C. P. (2021). Os desafios vivenciados por famílias de crianças diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista. Perspectivas em Diálogo: revista de educação e sociedade, 8(16), 164-182.

Lima, J. C., da Veiga Pessoa, R. K. M., de Melo, U. S. S., & Pessoa, M. C. (2021). Luto pelo filho idealizado: pais de crianças com TEA. Revista Eletrônica da Estácio Recife, 7(3).

Lima, R. C., & Couto, M. C. V. (2020). Percepções sobre o autismo e experiências de sobrecarga no cuidado cotidiano: estudo com familiares de capsi da região metropolitana do Rio de Janeiro. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, 12(31), 217-244.

Moreno Méndez, J. H., Giraldo Jiménez, C. S., & Avendaño Prieto, B. L. (2020). Inflexibilidade psicológica e adesão à terapia entre pais de crianças autistas. Avances en Psicología Latinoamericana, 38(2), 146-158.

Portes, J. R. M., & Vieira, M. L. (2020). Coparentalidade no contexto familiar de crianças com transtorno do espectro autista. Psicologia em estudo, 25.

0

Autor(a): Equipe Instituto Singular

Psicólogas e Terapeutas

Esta dica foi escrita em conjunto por algumas psicólogas e terapeutas do Instituto Singular. Todos os artigos deste site são escritos por profissionais especializados em autismo e desenvolvimento infantil.

Anterior

5 dicas de filmes e séries sobre autismo!

Próximo

Transtorno de déficit de atenção: compressão plural