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Comportamentos autolesivos em pessoas com TEA

Frequentemente utilizados para se regular emocionalmente, comportamentos autolesivos podem causar danos severos.

Índice

Dentro das classificações sobre comportamentos que se apresentam com similaridade, ou seja, de forma constante nos casos de pessoas com desenvolvimento atípico encontram-se as dificuldades de habilidades sociais, linguagem, estereotipias, entre outros (Lord et al., 2020). Contudo há um tipo específico de comportamento que pode englobar-se dentro do repertório da pessoa com autismo, sendo os comportamentos autolesivos, também conhecidos por SIB (self-injurious behavior) o qual se estende a uma complexidade de problemas comportamentais de cunho físico e psicológico (Minshawi et al., 2014).

Tais comportamentos, tendem a ser rítmicos ou repetitivos e apresentar intensidade e grau de lesão, podendo esses comportamentos serem distintos e se apresentarem como forma de autorregulação, contudo, na maioria das ocorrências oferecem risco à saúde e vida das pessoas (Steenfeldt-Kristensen et al., 2020). Topografias de comportamentos autolesivos observadas em indivíduos com TEA podem incluir bater a cabeça contra superfícies ou objetos, tapas ou socos no próprio rosto ou cabeça, morder a si próprio, machucar a garganta ou os olhos com as mãos, puxar ou arrancar o cabelo, ferir-se com as unhas, dentre outras (Carr,1977; Matson e LoVullo, 2008)

Embora os comportamentos autolesivos não apareçam em todos os casos de pessoas diagnosticadas com TEA, o assunto se faz de extrema importância, não somente para pacientes com quadros recorrentes de autolesão, mas também para conhecimento teórico e prático de profissionais, a fim de que os mesmos saibam como proceder diante uma situação de crise, agressão ou autolesão do autista sem que se cause danos ao mesmo (Im, 2021; Minshawi et al., 2014).

Técnicas e procedimentos usados no tratamento de SIB, com objetivo de reduzir tais padrões de comportamento, e que demonstraram resultados cientificamente comprovados, baseiam-se na intervenção ABA, a qual busca a eliminação e/ou redução de comportamentos tidos como disfuncionais e prejudiciais à saúde e a vida de pessoas com TEA a partir da modificação de comportamento, e inserção de novos modelos em seu repertório comportamental. Além disso, dentro do planejamento de intervenções para paciente com quadros de SIB, é indispensável para o tratamento de tais alterações comportamentais a utilização de tecnologias a partir da análise funcional experimental, que tem resultados comprovados empiricamente quanto sua evolução junto a pessoas com TEA (Broadstock e Lethaby, 2008; Sturmey e Hersen, 2012). Técnicas de contenção também são conhecidas e utilizadas em casos mais graves e em situações agravantes de riscos de vida, porém salienta-se que as mesmas são devidamente embasadas em condutas teórico-práticas e executadas apenas por profissionais capacitados e treinados (Im, 2021).

Referências

  1. Broadstock, M., & Lethaby, A. (2008). The effectiveness of applied behaviour analysis interventions for people with autism spectrum disorder. New Zealand Guidelines Group. Systematic Review. Wellington.
  2. Carr, E. G. (1977). The motivation of self-injurious behavior: A review of some hypotheses. Psychological Bulletin, 84, 800-816.
  3. Im D. S. (2021). Treatment of Aggression in Adults with Autism Spectrum Disorder: A Review. Harvard review of psychiatry, 29(1), 35–80. https://doi.org/10.1097/HRP.0000000000000282
  4. Lord, C., Brugha, T. S., Charman, T., Cusack, J., Dumas, G., Frazier, T., Jones, E., Jones, R. M., Pickles, A., State, M. W., Taylor, J. L., & Veenstra-VanderWeele, J. (2020). Autism spectrum disorder. Nature reviews. Disease primers, 6(1), 5. https://doi.org/10.1038/s41572-019-0138-4
  5. Matson, J. L., & Lo Vullo, S. V. (2008). A review of behavioral treatments for self-injurious behaviors of persons with autism spectrum disorders. Behavior Modification, 32, 61-76.
  6. Minshawi, N. F., Hurwitz, S., Fodstad, J. C., Biebl, S., Morriss, D. H., & McDougle, C. J. (2014). The association between self-injurious behaviors and autism spectrum disorders. Psychology research and behavior management, 7, 125–136. https://doi.org/10.2147/PRBM.S44635
  7. Steenfeldt-Kristensen, C., Jones, C. A., & Richards, C. (2020). The Prevalence of Self-injurious Behaviour in Autism: A Meta-analytic Study. Journal of autism and developmental disorders, 50(11), 3857–3873. https://doi.org/10.1007/s10803-020-04443-1
  8. Sturmey, P., & Hersen, M. (2012). Handbook of evidence based practice in clinical psychology. Hoboken, N.J: John Wiley & Sons.
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