Imagine a situação de uma criança autista que, após passar por uma crise intensa, fica quieta, em isolamento.
Em uma visão superficial, podemos pensar “ufa, o pior já passou!” e imaginar que a criança está apenas lidando com o cansaço após a crise.
“Meltdown” e “shutdown” são tipos diferentes de crise e que exigem tipos diferentes de estratégia para serem reguladas.
A crise “meltdown”:
“Meltdown” é uma combinação de termos do inglês que significa, no sentido literal, “derretimento”, mas pode ser traduzida para o português simplesmente como “colapso nervoso”.
A crise meltdown é externalizada, ou seja, a pessoa coloca seus sentimentos para fora, expressando-se diretamente por meio de gritos, choros, tremores e demais comportamentos agressivos consigo ou com os outros.
Nesse caso, há aumento notável da frequência cardíaca e a pessoa perde a capacidade de controle sobre si mesmo e sobre os seus sentidos. Uma grande mistura entre confusão e ansiedade.
A crise “shutdown”:
Já o “shutdown” é uma combinação de termos do inglês que significa, no sentido literal, “desligamento”.
Assim como o “meltdown”, também é uma crise desencadeada pela sobrecarga sensorial, emocional e social. Porém, a principal diferença, é que a crise shutdown acontece de forma internalizada.
A pessoa desliga, fica travada, em estado catatônico, como se não tivesse forças para fazer ou pensar em mais nada. Geralmente pode ocorrer após uma crise externalizada e durar muito mais tempo, então, atenção: os prejuízos desse tipo de crise podem durar dias e até semanas.
Preste atenção aos seguintes sinais de uma crise shutdown:
- Comportamento apático;
- Estado de silêncio;
- Necessidade de isolamento;
- Grande cansaço e falta de energia;
- Perda de apetite.
Qual é a diferença entre birra e as crises meltdown e shutdown?
Ao contrário das birras, que geralmente acontecem em torno de um objetivo específico, a criança não controla as crises meltdown e shutdown.
Por exemplo, essas crises não acabam “magicamente” se você oferecer um brinquedo. É uma resposta involuntária do organismo.
O que fazer para lidar com as crises?
Sabendo a diferença entre os tipos de crise meltdown e shutdown, o que pode ser feito para regulá-las?
Em primeiro lugar, tenha calma. Desesperar-se junto com a pessoa em crise só agravará a situação. É preciso respirar fundo e observar a situação para entender com clareza o que está acontecendo e encontrar uma solução.
A partir daí, é importante levar a criança para um ambiente seguro, sem possíveis riscos para a segurança. Também tente reduzir os estímulos sensoriais, como abaixar o volume e reduzir a iluminação.
Em um ambiente mais seguro e com menos estímulos, agora é a hora de dar espaço para a criança. Apenas toque ou contenha a criança se ela oferecer risco para si mesma ou para outras pessoas.
Priorize frases curtas, simples e diretas, que permitam uma comunicação mais simples e eficiente. Perguntas com respostas de “sim” e “não” são o suficiente. Sua presença pode acontecer de forma silenciosa.
Quais são os sinais que antecedem uma crise meltdown e shutdown?
Também é importante saber reconhecer os sinais que antecedem uma crise. Cada pessoa autista tem o seu comportamento específico, mas os principais sinais mais comuns são:
-Aumento de estereotipias;
-Dificuldade para elaborar raciocínios;
-Comportamento excessivamente quieto ou falante.
E caso as crises aconteçam com uma grande frequência, é preciso investigar por meio de apoio profissional especializado.